segunda-feira, 28 de novembro de 2016

História do Samba




O samba é o ritmo brasileiro de maior reconhecimento fora do país. Nascido nas camadas pobres da sociedade, de negros e mulatos, atingiu camadas de classe média muito em virtude de sua difusão nas rádios e no Carnaval Carioca.
Após o fim da escravidão, os negros recém alforriados emergiram do campo para as cidades em busca de trabalho. Com a “falta de qualificação” para os trabalhos das cidades, uma vez que o trabalho escravo era basicamente agrícola, uma camada de extrema pobreza foi se formando nas capitais e centros urbanos.
No Rio de Janeiro, o aumento populacional, com a emigração de escravos oriundos do Nordeste, especialmente da Bahia, gerou a busca por moradias alternativas nos morros, que hoje são conhecidas como favelas. 
Segundo DINIZ, 2012, a população de negros no Rio de Janeiro em meados do século XIX chegava a 50%. Com a modernização dos centros urbanos, essa camada da população marginalizada foi sendo “empurrada” das áreas nobres, que deram lugar às avenidas, praças, cafés e teatros. Foi nesse ambiente de pobreza capital e riqueza cultural que o samba teve seu berço.

As primeiras experiências musicais no cenário da Cidade Maravilhosa deram origem a este ritmo (samba), o primeiro a obter unanimidade no gosto nacional, tornando-se a expressão da alma brasileira. Saído dos morros, das áreas informais e marginalizadas da cidade é levado até a zona urbana formal pelas mãos das Escolas de Samba. (MARKMAN, 2007 p. 99)


Segundo TINHORÃO, 2010, citando Getúlio Marinho, a princípio o ritmo de samba era conhecido como “chula”. Assim como acontecia ao lundu, como vimos anteriormente, a chula era representada nos circos pelos palhaços, o que nos leva a crer que uma descende da outra.
Haviam ainda, segundo o autor, três tipos distintos de chulas. Uma que seria cantada pelos palhaços de circo, as chulas de palhaços de guizos, que saía em cordões de velho, e a chula raiada, que é o samba de partido alto. A chula raiada era acompanhada de violão, flauta, cavaquinho, prato raspado com faca, pandeiro e palmas.
TINHORÃO (ibid) cita trechos de entrevista de João Machado Guedes, o “João da Baiana”, um dos pioneiros do samba carioca. Nele, João da Baiana cita que o samba de partido alto era entoado por uma única pessoa, enquanto o samba corrido era repetido no estilo estrofe-refrão, cantado e repetido pelos participantes.

Antes de falá samba, a gente falava chula. Chula era qualquer verso cantado. Por exemplo. Os verso que os palhaço cantava era chula de palhaço. Os que saía vestido de palhaço nos cordão de velho tinha as chula de palhaço de guizo. Agora, tinha a chula raiada, que era o samba do partido alto. Podia chamá chula raiada ou samba raiado. Era a mesma coisa. Tudo era samba do partido alto (...) O partido alto era o rei dos sambas. Podia dançar uma pessoa só de cada vez. O acompanhamento era com palmas, cavaquinho, pandeiro e violão, e não cantava todo mundo. No samba corrido todo mundo samba e todo mundo canta." (TINHORÃO apud JOÀO DA BAIANA, 2010,  p. 280-281)

João da Baiana foi um carioca, filho de baianos, de grande importância para a história do samba carioca. DINIZ (ibid) cita Martinho da Villa ao colocar João da Baiana na “santíssima trindade da música brasileira”, ao lado de Donga e Pixinguinha.


O samba, muito provavelmente, se originou na Bahia, sendo levado ao Rio de Janeiro com a chegada de ex-escravos à recém coroada capital do Brasil, com a Proclamação da República em 1889. Teria então se unido aos gêneros de modinha, lundu e maxixe, formando o que hoje conhecemos como samba.
As mulheres baianas exerciam grande influência nas comunidade. Muitos sambas se originaram em reuniões promovidas pelas “tias” baianas, como eram tratadas pela população. Destaca-se a figura de Tia Ciata, ou Hilária Batista de Almeida, baiana de Santo Amaro da Purificação, como relata DINIZ, 2012.

Esse tratamento de tias para as mulheres que se salientavam aos olhos da comunidade pela maior experiência resultante da idade, ou pelo sucesso financeiro pessoal (o que as credenciava a proteger os recém-chegados, órfãos da vizinhança, e a promover festas em suas amplas casas), constituía uma sobrevivência cultural africana, onde na ordem familiar matrilinear o papel das irmãs é tão importante que os sobrinhos aparecem quase como filhos. (TINHORÃO, 2010, p. 292)

O primeiro samba gravado intitula-se “Pelo Telefone”. A gravação data de 1917 e é atribuída ao compositor Donga em parceria com Mauro de Almeida (DINIZ, 2012)  tendo sido cantada por Bahiano.
A autoria, no entanto é disputada por outros compositores. É certo que, nesta época, não havia ainda o costume de registrar  as composições. Donga foi um dos pioneiros nesta área, registrando suas composições na Biblioteca Nacional.


É justamente em meio a um caloroso debate autoral que surge para a história do samba a figura do compositor Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga. Em 1916, ele registrou na Biblioteca Nacional a música "Pelo Telefone", feita em parceria com Mauro de Almeida, jornalista conhecido como "Peru dos Pés Frios". O samba carnavalesco, nome que Donga e Mauro deram à sua composição entrou para a história como o precursor do gênero.(DINIZ, 2012,  p. 34)

Por serem seus autores, em sua maioria, descendentes de escravos e oriundos das camadas baixas da população, as letras das canções continham forte apelo político, citando as condições da sociedade de baixa renda.
Nessa época, ainda segundo MARKMAN (ibid), surge a figura do malandro carioca, personagem que se torna ícone do samba. O malandro é uma pessoa que não possui um trabalho fixo e que viveria de farra. Uma crítica sutil pois, na realidade, os descendentes de escravos tornavam-se desempregados crônicos pela dificuldade em serem agregados ao mercado de trabalho das cidades. A sobrevivência dessa parcela da sociedade era, muitas vezes, em trabalhos alternativos e muitas vezes contra as leis. Já a imagem de festeiro, deve-se a característica típica dos descendentes de africanos, que costumam utilizar a música e a dança como forma de expressão. A cultura à serviço das manifestações sociais e políticas.
A proximidade com a zona de prostituição do Mangue, porém, atraía para os seus muitos bares nas vizinhanças do Largo do Estácio os bambas da zona, isto é, os tipos especiais de empresários que viviam - graças a seus de esperteza e valentia - da exploração do jogo ou das mulheres. Esse tipo de personagem, à época também conhecido por bambambã - e na linguagem da imprensa chamado de malandro -, constituía na realidade produto da estrutura econômico incapaz de absorver toda a mão de obra que nessa área urbana crítica se acumulava.(TINHORÃO, 2010, p 306)



A consolidação definitiva do samba acontece com a crescente força e impacto das transmissões de rádio. A transmissão inaugural do rádio no Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1922, em virtude das comemorações do centenário da Independência do Brasil.
Coube ao presidente Epitácio Pessoa a responsabilidade de se tornar a primeira voz a ser transmitida pelas ondas radiofônicas, como afirma DINIZ (2012).
Na primeira década, as estações de rádio eram muito precárias e o alto custo dos aparelhos dificultava o alcance do mesmo para a população, que acabava se beneficiando das transmissões em praças públicas. Porém, na década de 30, em especial após a instauração do Estado Novo de Getúlio Vargas, as rádios foram se tornando cada vez mais populares.
Em 1936, entra no ar a Rádio Nacional, no Rio de Janeiro. Caracterizada pelo grande alcance e por um caráter mais profissional, a Rádio Nacional vem a popularizar ainda mais o rádio, tornando-o veículo de massa.
Com o início da ditadura Vargas (1937-1945), as transmissões das rádios tendiam a possuir um caráter nacionalista e de exaltação do governo. Dessa forma, as produções musicais, incluindo os sambas, possuíam letras em tom mais militar e propagandista.

O governo autoritário do Estado Novo, instaurado em 1935, na tentativa de eliminar ou minimizar suas ações autoritárias, passa a instrumentalizar a música popular. As letras dos sambas mostravam a figura de Getúlio Vargas como herói. Entretanto, a propaganda nacionalista e a indução oficial produziram um efeito inesperado na música popular: os sambas de Carnaval, as marchinhas carnavalescas, elementos sonoros que as escolas de samba utilizam para desfilar, adotaram um tom apologético e triunfalista próprio de uma marcha militar. Este mesmo tom é aplicado às canções populares. Um exemplo significativo é a músico "Aquerela do Brasil", de Ary Barroso, conhecida mundialmente como um símbolo musical de nossa nacionalidade (MARKMAN apud ALVARENGA, 2007, p. 100)


 O samba então, passa a se dividir mais uma vez. O samba das rádios e das gravações em vinil passam a ser orquestrados, para alcançar uma parcela de classe média e média-alta da sociedade, sofrendo influências da música americana de jazz. Nos morros, em particular na comunidade do Estácio, o samba mais marcado pelo surdo, dará origem aos samba-enredos, popularizados na década de 40 em seguinte pelos desfiles das Escolas de Samba, ligando o gênero ao Carnaval e tornando esta uma música com época específica para sua comercialização.
A influência do choro se torna definitiva neste samba orquestrado. Compositores famosos de choro, como no caso de Pixinguinha, são contratados para rearranjar o instrumental dessas composições. Surge daí o samba-choro.


... era o casamento da tradição do choro da pequena classe média com o samba das classes baixas, Um casamento musical que se revelaria por sinal muito fecundo porque, como ainda naquela virada dos anos 30 se comprovaria - e desde os tempos do choro se antecipava -, pela valorização da melodia, os conjuntos regionais podiam chegar ao samba-canção, e pela mistura do fraseado do choro e o apoio ritmico do acompanhamento do samba, ao samba-choro e ao samba de breque (na verdade, o samba-choro quebrado a espaços por paradas súbitas, a que se interpolavam palavras isoladas e até frases inteiras, aproveitando os intervalos rítmicos). (TINHORÃO, 2010, p. 312)

O samba orquestrado virou produto tipo exportação, alcançando, inclusive, o países como os Estados Unidos. Encantados com a exuberância de Carmen Miranda, executivos da Broadway levam-na para o país e, em pouco tempo, a “pequena notável” alcança fama em Hollywood. Toda a iniciativa foi patrocinada pelo governo Vargas.


Walt Disney também se encanta com o samba carioca e cria um personagem, o Zé Carioca, bem ao estilo malandro já característico da população do Rio de Janeiro dos anos 30-40.
Já o samba nascido na Estácio irá ganhar corpo com a formalização das Escolas de Samba, que irão fixar este gênero com o carnaval. O “surdo de marcação” irá dar identidade ao novo samba das escolas.


Essa nova forma do samba urbano - daí em diante conhecido como samba carioca - afastou-se definitivamente do velho modelo do partido alto dos baianos quando, pela necessidade de propiciar o andamento mais solto, pelas ruas, da massa dos foliões comprimidos dentro das cordas de segurança, que limitavam a área dos blocos e escolas, a turma do Estácio (por iniciativa de Alcebíades Barcelos, o Bide, segundo consta) introduziu na seção de pancadaria o surdo de marcação. O som desse tambor encarregado de fazer prevalecer o tempo forte do 2/4, como que empurrava de fato o samba para a frente - tal como reivindicava para o estilo o pioneiro do Estácio Ismael Silva -, mas, ao mesmo tempo, por oposição ao movimento algo em volteios do partido alto (que neste ponto se aproximava do maxixe), levava ao risco de simplificação ao nível da marcha, ao acelerar-se o ritmo.(TINHORÃO. 2010,  p. 308-309)

O concurso dos desfiles de escola de samba foi-se ampliando pelas décadas de 40-50, tornando esse gênero cada vez mais identificado com o carnaval e desligando-o de outras manifestações populares.


Por volta de 1980 o samba volta aos palcos com uma nova denominação “pagode”. A origem do nome pagode, na realidade, remonta aos tempos das festas da tia Ciata. Era uma forma íntima de se chamar o samba, ou a reunião do samba.

Os sambistas cariocas, desde os tempos de tia Ciata, falavam em pagode para caracterizar o samba de forma íntima, carinhosa. Assim, samba e pagode eram uma coisa só, uma festa, onde as pessoas se reuniam para comer, beber, dançar, cantar e quem sabe, paquerar. (DINIZ, 2012, p. 209)

O nome pagode passou a definir o samba feito nas rodas, em especial do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, segundo DINIZ (ibid), embora não se sabe ao certo quando o estilo, e não a festa, passou a ser chamado por tal nome.
Dentre os principais compositores de samba temos Noel Rosa, Sinhô e Donga na primeira fase; Ary Barroso, Pixinguinha, Adoniran Barbosa, Dorival Caymmi, Cartola à partir de 1940-50; Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, João Nogueira, etc, já com a denominação de pagode.

Referências 

MARKMAN, Rejane Sá. Música e simbolização. Manguebeat: contracultura em sua versão cabocla. São Paulo. Annablume, 2007.


TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo, de. 34. 2010. 2 ª edicao.


DINIZ, André. Almanaque do Samba: a história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

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terça-feira, 22 de novembro de 2016

22 de Novembro: Dia do Músico


O dia 22 de novembro é dedicado aos que fazem da música a sua profissão. A data escolhida é também o dia em que se comemora o dia de Santa Cecília, mártir da igreja católica.

Santa Cecília

A história de Santa Cecília é narrada no Breviarium Romanum, e conta a saga da jovem que dedicou sua vida ao celibato e à fé católica.

Segundo o relato, Cecília foi uma jovem que, desde a infância, decidiu viver na castidade e ao monastério. Porém, seu pai obrigou-a a casar-se com Valeriano. É provável que esta tenha vivido no século I d.C..


Após o casamento forçado, Cecília teria convencido Valeriano a viver na castidade ao relatar-lhe  “Valeriano, acho-me sob a proteção direta de um Anjo que me defende e guarda minha virgindade. Não queiras, portanto, fazer coisa alguma contra mim, o que provocaria a ira de Deus contra ti”. 

Na mesma noite, converteu o então pagão Valeriano ao cristianismo, além do irmão deste, Tibúrcio, e Maximo, seu amigo. O prefeito de Roma, Turcius Almachius, sabendo das conversões, ordenou aos três homens que renegassem sua nova fé sob pena de morte. Após a negativa, foram condenados à morte e decapitados.

Cecília então distribuiu todos os seus bens aos pobres e, logo em seguida, foi também levada à julgamento. Obrigada a renegar sua fé e render graças aos deuses romanos, ela se nega, conseguindo converter os soldados à fé cristã. Turcius então condena-a à morte por asfixia de vapores de água fervente. Mesmo mergulhada nessas águas, ela teria escapado ilesa, sendo sentenciada então à decapitação. O carrasco teria desferido 3 golpes e não teria conseguido separar a cabeça do corpo de Cecília, que sobreviveu por 3 dias em agonia, morrendo em consequência dos ferimentos.

Reza a lenda que, durante a tortura a qual era imposta, Cecília entoava cantos religiosos. Também é dito que a mártir, ao ouvir o som dos instrumentos musicais no dia do casamento, teria feito a seguinte oração: “Senhor, guardai sem mancha meu corpo e minha alma, para que não seja confundida”.

Embora o martírio tenha ocorrido provavelmente em 177 d.C., o corpo intacto de Santa Cecília foi encontrado no século XV, e então ela foi canonizada e a data de 22 de novembro é dedicada à sua memória e, consequentemente, também tornou-se a data de comemoração do Dia da Música e do Músico.
Estátua que mostra a posição na qual foi encontrado o corpo de Santa Cecília

A mitologia Grega

O nome Música vem do grego Mousikê, e significa "arte das musas". Segundo a mitologia, a música teria nascido após a derrota dos titãs à partir de um pedido feito a Zeus de criar divindades para cantar os feitos e vitórias dos deuses.

Zeus então deitou-se com a deusa da memória Mnemosina por 9 noites consecutivas, gerando 9 musas (Clio, Euterpe, Talia, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímnia, Urânia e Calíope ou Caliopéia). A cada uma, foi destinada uma área específica de artes e ciências. Coube a Euterpe ser a protetora da Música


Euterpe fazia parte do cortejo de Apolo, que é considerado o deus da Música na Ilíada. Outros mitos gregos ligados à música estão Orfeu, Hermes e a figura dos sátiros (faunos para os romanos)

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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Família dos Instrumentos: Madeiras

As madeiras.



Inicialmente, as madeiras não eram muito importantes para o conjunto. Porém, ainda que timidamente, elas passaram a fazer parte importante da orquestra. O fagote e o oboé foram os primeiros a serem incorporados, seguidos do traversso (antiga flauta transversa). O clarinete e os auxiliares só apareceram mais tarde. Embora hoje estes instrumentos sejam fabricados de metal, tiveram suas origens como sendo feitos de madeira, portanto prevaleceu a origem nesta classificação.


Oboé: Instrumento antiquíssimo, o tipo utilizado hoje nas orquestras sinfônicas surgiu na França, na segunda metade do século XVII, a partir do desenvolvimento das charamelas medievais e renascentistas. Os primeiros modelos foram fabricados pelos franceses Jean Hotteterre e Michel Philidor, e eram usados pelos músicos da corte de Luís XIV.

Chamarela Medieval
Oboé D'Amore


A forma do moderno oboé, data do período de Haydn e Mozart, embora tenha sofrido algumas importantes modificações no decorrer dos séculos XVIII e XIX, como, por exemplo, o aumento de sua extensão.
Constitui-se de um tubo cônico e palheta dupla, sendo o som controlado por orifícios e chaves. De timbre anasalado, distingue-se perfeitamente dentro da massa orquestral. Seu alcance é de 2 oitavas e meia, começando no si, uma oitava abaixo do dó médio.Utilizado, sobretudo como integrante da orquestra sinfônica, onde é indispensável. Há também considerável literatura para solo do instrumento.
Oboé Moderno

Palheta do Oboé


Corne inglês: De estrutura semelhante à do oboé, distingue-se deste pelo tubo mais longo e por um esférico pavilhão em forma de pêra. Desenvolveu-se a partir do oboé da Caccia (de caça), no século XVII. A origem do nome é desconhecida.
Oboé da Caccia

De timbre suave, soa uma quinta abaixo do oboé e é próprio para melodias tristes e melancólicas. Embora Haydn e Beethoven tenham escrito obras para este instrumento, suas potencialidades só foram amplamente desenvolvidas por Berlioz, Wagner e Dvorák.O corne-inglês não é utilizado com muita freqüência na orquestra sinfônica.
Corne Inglês
Corne Inglês em comparação ao Oboé


Fagote: O fagote é o baixo do grupo das madeiras (flauta, oboé, clarineta, fagote) e, dentre esses instrumentos, é aquele que tem a mais ampla tessitura. São três oitavas e meia, abrangendo do sib –1 até o mi 4 (tomando-se como base o dó central = dó 3). O som do fagote é produzido, tal como na bombarda renascentista, por uma palheta dupla aplicada a um bocal em forma de “S” e feita vibrar pela boca do instrumentista através do sopro.
Fagote antigo

Ele se compõe de uma parte construída de metal (bocal) e de quatro partes construídas de madeira (asa, culatra, baixo e campana), que se encaixam uma na outra e que, quando montadas, perfazem um tubo cônico de 235 cm, tendo um diâmetro inicial de 4 mm. e finalizando em 4 cm.
No tocante às partes de madeira, quando o sistema é alemão, o fagote é quase sempre construído em ácer (em alemão: Ahorn; em inglês: maple wood); quando seu sistema é francês, a madeira usada é tradicionalmente o jacarandá.  Como o ácer é uma madeira muito clara, quase branca, o fagote é normalmente tingido com alguma coloração que lembre a nobreza da cor do mogno. O jacarandá, por ser já de natureza mais escuro, não recebe corante e tende automaticamente ao marrom.

Fagote Moderno

Contrafagote: Este instrumento soa uma oitava abaixo do fagote. Surgiu em 1714, criado por Andreas Eichentopf, em Leipzig, sendo ocasionalmente utilizado pelos compositores clássicos.
O moderno contrafagote segue o desenho idealizado, em 1870, pelo alemão Johann Heckel. De estrutura semelhante ao fagote, seu tubo, no entanto, se curva 4 vezes sobre si mesmo. Distingue-se também por um pavilhão de metal voltado para baixo.
O instrumento alcança 3 oitavas, sendo o si bemol a sua nota mais grave. Nas raras vezes em que aparece como solo dentro da massa orquestral, tem por função criar atmosferas lúgubres ou grotescas.



Flauta transversa: Um dos instrumentos mais antigos, a flauta transversal, utilizada regularmente na moderna orquestra sinfônica, surgiu no século IX, antes de Cristo, provavelmente na Ásia. Introduzida na Europa ocidental através da cultura bizantina, no século XII depois de Cristo, era geralmente associada à música militar. Somente na segunda metade do século XVII é que passou a integrar a orquestra.
A moderna flauta transversal nasceu das transformações operadas no antigo instrumento pelo alemão Theobald Boehm, por volta de 1840. Feita em metal, geralmente prata, constitui-se de um tubo cilíndrico de 67 cm. de comprimento por 19 mm. de diâmetro. Divide-se em 3 partes: cabeça ou bocal, corpo e pé.

O bocal tem por função manter rigorosamente o equilíbrio da afinação; o corpo e o pé contêm orifícios e chaves, cuja finalidade é diminuir ou aumentar o comprimento da coluna de ar no interior do tubo. Soprada lateralmente, seu alcance é de 3 oitavas (dó3 a dó6). Tem sido tratada como instrumento solista e como instrumento da orquestra, sendo o mais agudo entre os membros regulares do grupo das madeiras.
Existiram na Antigüidade diversos outros tipos de flauta. No entanto, a única que coexistiu com a flauta transversal foi a flauta doce, soprada pela ponta, muito usada pelos músicos renascentistas e barrocos.
Família de Flautas Doce

O flautim ou piccolo, versão menor da flauta transversal, cujo tubo tem aproximadamente metade do comprimento da flauta. É o instrumento mais agudo da orquestra, da qual não é, entretanto, um elemento essencial. Alcança quase 3 oitavas (ré4 a dó7).

Há ainda a flauta baixa, que se usa para sons mais graves. Prolonga-se o comprimento do tubo ou em alguns casos, constrói-se com um cotovelo pelo qual o tubo se aproxima, no outro extremo, à posição da boquilha.


Clarinete: Surgiu no final do século XVII, a partir do aperfeiçoamento da charamela, levado a cabo por Johann Christopher Denner, conhecido fabricante de flautas de Niremberg. No século seguinte, passou a integrar a orquestra sinfônica. Por volta de 1840, atingiu sua estrutura definitiva, com a introdução do sistema de chaves de Theobald Boehm, que já havia sido aplicado com sucesso na flauta.
Ao logo dos tempos, foram criados clarinetes de dimensões e timbres variados. Há cinco modelos ainda em uso:
-   Em mi bemol - o soprano da família, também denominado “requinta”;
-   Em dó – de timbre brilhante;
-   Em si bemol – o mais usado na atualidade;
-   Em lá – de pouco uso;
-   Clarinete-baixo em si bemol – uma oitava abaixo do outro de mesma tonalidade.

Constitui-se de um tubo cilíndrico dividido em 4 partes: pavilhão, corpo inferior, corpo superior e barrilete. Neste está embutida a boquilha, na qual se adapta uma palheta simples.
Mozart foi um dos primeiros compositores a explorar o clarinete como instrumento solista, compondo um concerto e várias peças de câmara. A sua escrita para o clarinete, favorecendo a beleza do registro grave do instrumento e um equilíbrio e fluência em toda a sua ampla tessitura, faz-nos pensar na escrita vocal e não é difícil imaginar tratar-se por vezes de uma voz de soprano. O uso do clarinete obbligato como dramatis persona em La Clemenza di Tito encontra-se na linha de uma tradição vienense do início do séc. XVIII, na qual se inscrevem múltiplas óperas, evidenciando uma relação estreita entre a voz e o chalumeau que, tomado como objeto significante, é associado a sentimentos específicos de caráter amoroso ou pastoral.


Criado em 1810, o clarinete-baixo ou clarone também é utilizado na orquestra sinfônica, embora com menor freqüência. Distingue-se do clarinete propriamente dito, pelo pavilhão recurvado e pelo diapasão mais grave.


Leiam também as 2 primeiras matérias sobre a família dos instrumentos.
Família das Violas
Família dos Violinos

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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Família dos Instrumentos: Violino


Dando continuidade ao tema Família dos Instrumentos, veremos a seguir um pouco da história da família dos violinos.

A família dos violinos.


Surgiu como uma evolução das violas e acabou substituído-as. Também são instrumentos de cordas friccionadas por um arco. Fazem parte da família os violinos, que ficam dispostos na orquestra em duas seções (1ºs e 2ºs violinos), o violoncelo e o contrabaixo. Uma curiosidade está no fato de que o tamanho do arco é inversamente proporcional ao tamanho do instrumento, ou seja, quanto maior o instrumento, menor o arco.

Arco do violino


Violino: Desenvolvido no século XVI pelos italianos Andrea Amati, de Cremona, e Gasparo da Salò, de Brescia, a partir do aperfeiçoamento do primitivo instrumento de 3 cordas, parece, à primeira vista, que, dessa época até os dias de hoje, o violino não sofreu transformações em sua estrutura. No século XVI, eram comuns violinos menores, como os chamados “pochette”, usados pelos mestres de dança e que eram guardados nos bolsos (poches) de suas casacas.
Na verdade, porém, a partir das inovações introduzidas por Antonio Stradivarius, por volta de 1700, o instrumento passou por pequenas, mas significativas mudanças estruturais, para que pudesse atender às necessidades das sucessivas gerações de compositores e intérpretes. No século XIX, o surgimento das grandes salas de concerto e o aparecimento da figura do “virtuose” levaram às alterações que lhe deram a feição definitiva e que redundaram num timbre mais volumoso e brilhante.
De aparência simples, é um instrumento de extraordinária complexidade, composto de quase 70 peças diferentes. Constitui-se basicamente de 4 cordas, afinadas em quintas (mi4, lá3, ré3 e sol2) e que atingem mais de 4 oitavas e meia, uma caixa de ressonância em forma de oito e um braço preso à caixa por um cepo. No interior da caixa, há uma prancheta chamada “cadeira” e um pequeno cilindro vertical denominado “alma”. Ambos têm por finalidade melhorar a sonoridade, além de dar mais solidez à parte superior da caixa de ressonância, o “tampo harmônico”, em cuja parte central encontra-se o “cavalete”, por onde passam as cordas.
O violino, o mais agudo e versátil instrumento de cordas, é indispensável na orquestra sinfônica e no quarteto de câmara.
  
                                                                                                  

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Viola: Remanescente da família das violas, também chamada de viola de arco (vide Família dos Intrumentos: Viola). É um pouco maior e mais grave do que o violino. Após ser agregado à família dos Violinos, passou a adotar os desenhos de "F" característicos desta família.


Comparação entre violino e Viola


Cello ou Violoncelo: Construído no século XVI, à maneira do violino e para ser tocado como a viola de gamba, pelos mestres italianos Andres Amati, Gasparo da Salò, Maggini e outros, esse instrumento de timbre grave e aveludado tinha a função de reforçar os baixos da orquestra.
Em seus primórdios, exercia papel secundário, sendo utilizado ora como baixo contínuo, juntamente com o cravo, ora como simples pedal da orquestra. Somente a partir do final do século XVII é que se firmou como instrumento solista, substituindo a “viola de gamba”.

De estrutura semelhante à do violino e à da viola, diferencia-se destes pelo comprimento (1,19 m.), como também pela caixa de ressonância, proporcionalmente mais funda. Possui 4 cordas afinadas uma oitava abaixo das cordas da viola, também em quintas (dó1, sol1, ré2 e lá2), e seu registro médio é de 3 oitavas e meia.
A princípio, o corpo do violoncelo variava de dimensões. O comprimento atual foi fixado no século XVII, por Stradivarius. Assim como o violino e a viola, é indispensável na orquestra sinfônica e no quarteto de cordas.
Posição para se tocar o cello


Contrabaixo: O mais grave e maior instrumento de cordas e arco, o contrabaixo surgiu também no século XVI, na Itália, modelado a partir do “violone”, instrumento de cordas medieval. No decorrer dos séculos, foram feitas várias experiências no tocante a suas dimensões, estrutura da caixa de ressonância e número de cordas.
O contrabaixo usado atualmente mede 1,82 m. de comprimento e possui 4 cordas afinadas em Quarta (mi, lá, ré e sol). Seu registro médio é de pouco mais de duas oitavas, começando pelo “mi” mais grave da escala. Para solos, utiliza-se, muitas vezes, um instrumento um pouco menor, que apareceram no século XVII. Às vezes, podem ter uma Quinta corda, afinada em Dó superior.

Para sua execução, empregam-se dois tipos de arco: o francês, mais comum, e o Simandl ou Dragonetti, de empunhadura especial, que proporciona maior peso do arco sobre as cordas do instrumento, extraindo delas um som mais forte e homogêneo. Em geral na música popular e, com menos freqüência, na erudita, é executado sem o uso do arco, com as cordas sendo dedilhadas (“pizzicato”).
Indispensável na música sinfônica, o contrabaixo tem por função básica reforçar os baixos da orquestra. Raramente funciona como solista.






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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Famílias dos Instrumentos: Violas.

Iniciando uma nova série de posts sobre a história da música, desta vez falaremos da história e evolução dos instrumentos orquestrais. Iniciando com a família das violas.

A família das violas




Consiste em instrumentos de cordas friccionadas por meio de um arco. Desta família fazem parte o violone, a viola da gamba e a viola da braccia. Foi, aos poucos, substituída pela família dos violinos, restando apenas a viola de braço, hoje conhecida simplesmente como viola.

Violone: instrumento de som grave que foi pouco utilizado na música erudita. Também chamado de rabecão, era um pouco maior que o cello e dará origem ao atual contrabaixo. Foi criado na era medieval e ficou obsoleto após a invenção do contrabaixo.


Viola da gamba: Surgiu na Península Ibérica em meados do século XV e ganhou toda a Europa. Na Itália, recebeu seu atual nome pois “gamba”, em italiano, significa perna instrumento que para ser tocado é sustentado entre as pernas. Possuíam trastes. No século XVI surgem violas de vários tamanhos como a soprano, tenor e a viola contrabaixo ou violone, constituindo uma verdadeira família. O Consort of Viols, conjunto de violas, foi a formação instrumental mais popular da Renascença. No século XVII, a tendência por uma música com sonoridade mais forte e cantante no registro agudo levou à preferência pelo violino, fazendo com que as violas soprano e tenor perdessem o seu favoritismo. Até o final do século XVIII, a viola da gamba baixo era muito estimada e conheceu um período glorioso nas cortes européias, principalmente na França, com um repertório extremamente virtuoso. Aos poucos foi perdendo a sua predileção para o violoncelo, até cair em desuso.



Viola de braço: Suas origens parecem remontar ao século XVI na Itália. As primeira violas modernas de que se tem conhecimento foram fabricadas por Andre Amati e Gasparo da Salò e possuíam dimensões um pouco maiores do que as atuais. No século seguinte, Stradivarius e Andrea Guarnerius criaram modelos de tamanho mais reduzido, que se firmaram através dos séculos. Chamada atualmente de viola, ela é um pouco maior que o violino, e timbre é ligeiramente mais grave que mesmo (uma quinta abaixo) e suas 4 cordas são, como no violino, afinadas em quintas (dó2, sol2, ré3 e lá3).

A partir de Haydn e Mozart, a viola ganhou importância como instrumento de câmara e sinfônico. No século XIX, foi valorizada por Berlioz e Richard Strauss, que compuseram solos do instrumento. No século XX, no entanto, é que surgiram as primeiras obras para viola desacompanhada, como as sonatas de Paul Hindemith.

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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

História da Orquestra: 4º Movimento + Coda (A Orquestra Barroca + Conclusão)


Como vimos anteriormente, Lully foi o responsável por colocar os violinos a frente da orquestra. A variedade de instrumentos teria de ser a menor possível, em parte para poder ser melhor apreciada nos palácios e em parte pela característica das peças. Nascia então a ciência musical denominada acústica.

Embora não houvesse uma formação orquestral fixa, (a escolha dos instrumentos variava segundo a vontade do compositor) as cordas eram o elemento essencial em quase todas as obras. Possuíam uma seção de violinos, violas, violoncelos ou violas da gamba e por vezes um violone ou rabecão, hoje substituído pelo contrabaixo. O acompanhamento do baixo contínuo, especialmente o cravo, é uma constante deste período.


Os tímpanos eram pouco utilizados bem como qualquer outro instrumento de percussão. Os metais são pouco vistos. A utilização de ambos variava segundo a necessidade da obra. Por exemplo, certa vez o rei da Inglaterra pediu a Handel (1685-1759) para compor uma obra que seria executada durante a queima de fogos de artifício. Handel então orquestrou sua obra “Royal Fireworks Music” com uma grande quantidade de metais como trompetes, trompas e trombones, além da percussão. Porém não utilizou as cordas pois o som das mesmas se perderia frente a massa sonora provocada pelos fogos, metais e percussão. Posteriormente ele faria um novo arranjo para ser executado em lugares menores com menos instrumentos e utilizando toda a seção de cordas.

Com o aparecimento da ópera, surge também a figura do mecenas, o patrocinador da arte, que geralmente pertencia a aristocracia ou a nobreza. Desta forma, a música tornou-se erudita, de gosto refinado e discurso elaborado para ser apreciada por um público mais seleto.

Na maior parte das obras barrocas, a melodia fica por conta dos primeiros violinos, as notas intermediárias da harmonia ficam por conta dos segundos violinos e das violas, as notas graves são de responsabilidade dos cellos e contrabaixos e a realização dos acordes ficam por conta dos instrumentos de teclado tais como o órgão ou o cravo.

As madeiras vem, inicialmente representadas pelo fagote e pelo oboé. Posteriormente é incorporada a flauta transversal e mais tarde o clarinete. Os metais vem com a trompa, trompetes e trombones.

Conclusão.


A orquestra evoluiu muito ao longo de sua existência. Aqui nos coube apenas mostrar um pouco desta evolução. A verdade é que, desde que foi consolidada, a música instrumental ganhou maior importância, tanto no conjunto como nas obras solistas.

A necessidade de se ter uma sonoridade melhor dentro desta, forçou as mudanças no material dos instrumentos e nas demais mudanças qualitativas destes. Também forçou o aperfeiçoamento das salas de concerto, buscando melhorá-las em termos de acústica.
Abaixo um esquema da orquestra moderna, bem maior e mais elaborada do que nos primórdios.



Leiam também as 3 primeiras partes deste trabalho:




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terça-feira, 27 de setembro de 2016

A História da Orquestra: 3º Movimento (Lully e os 24 violinos do Rei)


Jean-Baptiste Lully aparece na história da música como o notório compositor francês que deu ao violino a característica de ser o carro chefe de uma orquestra. Ele era, na verdade, italiano, nascido em Florença em 28 de novembro de 1632 e batizado com o nome de Giovanni Battista Lully.
Embora pouco se conheça de sua infância, sabe-se que aprendeu a tocar violino sozinho, apesar de seu pai não ter ligação com a música. Aos 14 anos ele foi levado pelo Duque de Guise para a França para trabalhar como cozinheiro. Logo seus talentos como violinista e bailarino foram percebidos e ele passou a incorporar a orquestra.

Em 1653 ele passou a integrar como músico nos “Petit Violons du Roi” onde logo conseguiu o lugar de 1º violino. Casou-se com Madeleine Lambert, filha do compositor Michel Lambert e naturalizou-se francês com o nome de Jean-Baptiste Lully. Na corte real, formou os 24 Violons du Roi (esta contava, por vezes, com o apoio de uma orquestra de 10 oboés e 2 fagotes) que é o primeiro conjunto especialmente criado para fins de concertos regulares para animar os balés da corte.
Em 1661 foi nomeado para o posto de compositor oficial do rei. No ano seguinte tornou-se mestre de música da família real. Criou, mais tarde a Academie Royale de Musique, que se tornaria a Grand Opera. Ainda foi o responsável por organizar as arcadas dos instrumentos de corda numa só direção, dando fim à antiga confusão de arcos desencontrados.
Criou a ópera francesa. Introduziu a overture française, conhecidas como aberturas lullianas, utilizadas por vários compositores de óperas e oratórios. Criou uma peça exclusivamente instrumental, em duas partes. A primeira em estilo homorrítmico, lenta e majestosa. A segunda mais rápida, contrapontística, ou começando em estilo fugado e com desfecho lento.
Se aproveitando do gosto do rei Luís XIV pela dança e seu exibicionismo nesta arte, Lully ampliou o papel da orquestra nos balés e adicionou a cena dançada por bailarinas. Introduziu o minueto e danças mais rápidas. Evoluiu a suíte barroca para o concerto e a ópera. Criou assim o gênero comédia-ballet, com números dramáticos e dançantes para apresentar na corte. O primeiro foi “O burguês fidalgo” de Moliére, além de obras inspiradas nas tragédias de Corneille e Racine, cujos temas exaltavam o rei da França.
Parou de tocar e passou a coordenar o pulso da orquestra batendo no chão com sua bengala, que utilizava por ser coxo. Numa de suas regências, mais especificamente durante a execução de um Te Deum, bateu ferozmente no pé com sua bengala e morreu 15 dias depois por septicemia, em 22/03/1687.

Principais obras: a pastoral “Le temple de La paix” (1685) e as óperas “Le Triomphe d’Alcide”(1674); “Athis”(1676); “Thésée”(1675); “Amadis de Gaula”(1684); “Roland”(1685) e “Acis et Galatée”(1686).

Leia também as duas primeiras partes da História da Orquestra.